O bullying é um tema muito usado no cinema atual, mas provavelmente ninguém o abordou de uma maneira tão forte e dolorosa como o diretor Michel Franco neste Depois de Lúcia. Desde as primeiras cenas o diretor se mostra um entusiasta das elipses, das longas tomadas e dos silêncios inquietantes. Há quem reclame do ritmo um tanto arrastado, mas essa escolha se revela essencial para a concepção da atmosfera depressiva que permeia todo o filme. Não tinha como ser diferente, pois além da perda da mãe e a pouca comunicação com o pai, a garota Alejandra se torna vítima de crueldades infinitas após ter um vídeo seu divulgado na internet. Alejandra passa por uma das maiores perseguições que já vi no cinema. É algo incômodo de se assistir, mas se pensarmos na mentalidade atual dos jovens é algo necessário. Tudo bem que soam exagerados o fato de ninguém contrariar os bullies e a total falta de conhecimento dos professores em relação aos atos cometidos, porém a mensagem que extraímos da situação é das mais relevantes. O que fica evidente é que a ausência de comunicação entre Alejandra e o pai é um fator decisivo para levar tudo até as proporções trágicas que vemos no ato final. Existe amor entre pai e filha, um se preocupa com o outro, só que algo os impede de expor seus problemas de maneira honesta. Tal qual Haneke, Franco não se importa muito com os nossos sentimentos e nos tortura ao longo de 90 minutos. A última cena aparenta entregar um senso de justiça, mas para mim soa como um comentário dos mais pessimistas de que o mundo não tem mais jeito. Deu para ver que Depois de Lúcia não é uma experiência agradável… mais do que isso, é um grande filme.
8/10
Crítica: Depois de Lúcia (2012)

Também gostei. Franco também se mostra um grande manipulador, pois o Pai não tem uma conduta das melhores, até podendo ser acusado como o culpado pela morte da esposa, mas ainda assim nos faz ficar ao lado do homem. O final deixa um dissabor tão grande quanto a conduta dos jovens ao longo do filme…
fato celo. o complicado é que ele não parece ser um bom pai, só falta comunicação…
o final é o tal soco no estômago, como dizem!
Violento na medida certa para indicar a gravidade do tema abordado. Lindo filme. Tem uma crítica em http://www.artigosdecinema.blogspot.com/2013/04/depois-de-lucia-despues-de-lucia.html