É inegável que o Boom Boom Kid oferece um show animado e que verte energia por todos os poros, mas em alguns momentos ele se torna um tanto quanto caótico. A banda toca em um ritmo mais acelerado que em estúdio e Nekro solta gritos insanos e dá umas enroladas nas letras. Isso sem falar na mania dele em balançar a cabeça e dar um golpe de dread locks ou de plantar bananeiras.

De qualquer forma, isso parece ser ouro para os fãs mais ferrenhos, que não param de pular e cantar um minuto sequer. Perto do palco alguns são inclusive erguidos para os céus. Lá de trás muitas vezes a gente só vinha uma perna voando em uma posição não muito anatômica.

O Boom Boom Kid em estúdio é uma maravilha: músicas simples, diretas e muito contagiantes. É tipo um punk rock que pende mais para o melódico, com letras que investem em críticas sociais, protestos contra crueldade animal, amor e na ideia muitas vezes utópica de se sentir bem com você mesmo e com as coisas que você faz.

Só que ao vivo parece que eles trocam a cannabis por algo forte que os deixam totalmente endiabrados. De qualquer forma, existem momentos de respiro, como na maravilhosa Brick by Brick, que deu para cantar em uníssono com nossos hermanos chilenos.

O show rolou no Blondie em Santiago, um lugar fechado e espaçoso com uma bela acústica e uma iluminação envolvente. Certeza a casa abriga ótimas bandas do cenário alternativo ao longo do ano.

Sim, esperava mais, mas a banda precisa sempre ser enaltecida por ser undergroud em praticamente tudo. Em praticamente tocar o foda-se para tudo o que não interessa a eles.

Os caras são punk rock na veia e por isso sempre terão o meu respeito.