Poucas bandas são tão nostálgicas para mim quanto o Sugar Kane. Inclusive, tenho quase certeza que o primeiro show que fui na vida foi deles, ali pelos idos de 2002. Lembro-me de ser um magrelinho fã de hardcore melódico que gostava de sair trombando com outros malucos em pseudo-rodas punk. Faz tempo…

Passei muito tempo sem escutar os caras até que me deparei com o álbum pandêmico Novidade Média de 2021. Percebi uma boa evolução da banda, principalmente em termos de letras. Gostei bastante das músicas A Casa e Dependência, mas não o suficiente para me fazer revisitar a discografia ou me aventurar em algum show.

Eis que agora em 2024 eles vieram com o maravilhoso Antes que o amor vá embora e me senti fisgado. Novamente, trata-se de uma notória evolução tanto instrumental como nas letras. Eles não reinventaram a roda, apenas mostraram o que a experiência de quase 30 anos de História pode fazer com uma banda. E claro, assinar com uma gravadora pela primeira vez ajudou no processo de lapidar o que já era bom.

Senti que estava novamente viciado em Sugar Kane e fiquei ainda mais quando soube do show de lançamento do álbum em Curitiba.

Antes de rumarmos para o Belvedere Bar fomos no South Beer, lugar agradável com cervejas artesanais de qualidade.

Por volta de 20:40 estávamos tentando entrar no bar portando nossas sacolinhas com 1 kg de feijão e o segurança nos informou que a casa ainda estava fechada. Será que eu estava ansioso para ver o Capilé? O fato é que nessa hora vimos um outro Capilé, o canino. Pois é, o mascote da casa é um Golden Retriever que atende pelo nome de Capilé. Ele tem a função de recepcionar os fãs de hardcore na entrada e durante o show podemos vê-lo caminhando tranquilamente no meio do povo.

Fomos à pé até o shopping mueller comer um também nostálgico ultimate nachos no Mustang Sally. Matamos um tempinho e logo estava na hora de voltar para o Belvedere. Dessa vez para entrar.

Antes do Sugar Kane rolou duas bandas de abertura.

Uma era o Bravonas, que faz um som interessante circundando o hardocre e a outra era o Swave, que chamou minha atenção. Detalhe que o baterista é o Andre Dea, o mesmo do Sugar Kane. Destaque para a potencia da voz e a presença de palco da vocalista, que saiu do meio do público fazendo bolinhas de sabão com um revólver de brinquedo e surgiu no palco. E o fã mais caloroso dela era nada mais nada menos que o seu pai, um tiozão descolado que estava feliz da vida.

E o Sugar Kane?

Eles ainda tocam com bastante força e energia. Dea simplesmente destrói na bateria e o Fermentão manda bem no baixo, apesar de exagerar no álcool durante o show. O cara falava umas paradas nada a ver e até chegou a tocar no meio da galera.

O público fiel ficou empolgado rapidamente, inclusive com as músicas novas. Eles mandaram várias do novo CD e a galera cantou a maioria. Pena que a Pelo Avesso deixou um pouco a desejar. Pareceu com uma energia diferente do show, que é mais para cima e agitado.

A roda punk foi uma constante e eu até tentei participar algumas vezes, mas tô sem ritmo, eu diria haha. E claro, teve gente se jogando do palco e outros fazendo crowd surfing.

A intensidade subiu ainda mais em clássicos como Janeiro, Medo e Dizer. Nessas aí deu para praticamente gritar cada verso e relembrar o longínquo começo dos anos 2000. A sinergia de uma banda com o seu público fiel em uma casa de show relativamente pequena é algo único.

O Capilé curte falar com a galera e tem boa presença. Ele sempre dá umas cutucadas no povinho fascistinha de Curitiba, o que é sempre bom.

Aliás, foi nas semanas que antecederam ao show que pesquisei um pouco mais sobre o Sugar Kane e descobri que a maior parte das músicas é de autoria do Vini, irmão do Capilé.

Depois de 20 e poucas músicas, suados, cansados e com os timpanos certamente afetados, tivemos a certeza da importância deles para a cena local e para nossa própria história.

Valeu SK!