ATENÇÃO! ESSE TEXTO TEM SPOILERS!
Desde quando soube que haveria uma adaptação de The Last of Us para a televisão fiquei imaginando como eles mostrariam o acontecimento chave retratado nesse episódio. Se fosse uma mera cópia do jogo frame por frame já teríamos algo grandioso, mas Craig Mazin e Neil Druckmann foram além e entregaram a perfeição.
Então, vamos a esse inesquecível Through the Valley.
Começamos com um pouco mais de contexto para Abby e suas intenções. Naquele dia no hospital Joel matou nada mais nada menos do que 18 pessoas, sendo uma delas o pai de Abby, justamente o médico que talvez conseguisse encontrar uma cura para o cordyceps. É natural ela buscar vingança. Na história de Abby, Joel é o grande vilão. Mas ela cruzou vários limites em sua atitude.
O dilema moral do final da primeira temporada é absurdamente complexo e as consequências das escolhas de Joel estão diante dele, literalmente. Perceberam que quando Abby diz que “todo mundo sabe que certas coisas são erradas” Joel balança a cabeça afirmativamente? Meio que aceitando o que vem pela frente.
Mas o que vem pela frente é pura dor. Que cena intensa e angustiante. Sabíamos que ia dar muito ruim para Joel, só não sabíamos exatamente como. Até me lembrei um pouco daquele sinistro episódio de The Walking Dead em que Negan usa o seu taco de baseball em um certo personagem.
E que grande atuação de Kaitlyn Dever. Extremamente ameaçadora e decidida, vimos que não haveria escapatória para o nosso Joel, apesar de ele ter salvo a vida dela minutos antes. E o fato de Ellie presenciar o golpe derradeiro deixa a experiência ainda mais devastadora.
Toda essa cena é sem dúvida pesada, mas não exagerada ou apelativa. É triste perdemos esse personagem logo no começo da temporada. É triste também lembrar que ele e Ellie não se falaram direito na última vez em que se viram. O universo de The Last of Us é repleto de sofrimento, por isso que os bons momentos precisam ser aproveitados como coisas realmente preciosas. E a relação de Ellie e Joel é um exemplo de algo bom nesse mundo de dor.
Como reprovar o que Joel fez? 99% fariam a mesma coisa (ou ao menos tentariam). Muitos falam que ele não deu a ela a oportunidade de escolher, mas lembremos que ela era uma adolescente de 14 anos. Joel assumiu o controle e proporcionou a ela a chance de ter uma vida pela frente, ainda que no contexto de um apocalipse zumbi.
Se Through the Valley já seria absurdo só com esse acontecimento ele resolve intercalar as cenas de Joel e Abby com a invasão dos infectados em Jackson. Como ambas foram de altíssimo nível a qualidade do episódio simplesmente não caiu em nenhum momento. Televisão virou cinema aqui.
Coube a Tommy e Maria comandaram a defesa de Jackson e vemos tudo praticamente na perspectiva deles. Os infectados são velozes, insanos e sanguinários. A horda é extremamente ameaçadora e dá a impressão de que ela vai conseguir passar por cima de tudo. Mas Jackson estava bem protegida.
Foram vários as sequências de grande impacto visual e criatividade para mostrar uma batalha de humanos contra infectados. Aqueles tambores cheios de gasolina, os lança chamas e os cachorros ferozes renderam cenas intensas.
O confronto do Baiacu (que mais parece um tanque de guerra) com Tommy foi outro destaque. Aliás, o irmão de Joel mostrou que se trata de um verdadeiro líder.
O povo de Jackson conseguiu vencer a batalha, mas boa parte da cidade está em ruínas, muitos morreram e outros acabaram sendo mordidos. O que vem pela frente para eles?
Um episódio que nos mostrou tudo o que The Last of Us tem de melhor. Uma mistura perfeita de cenas épicas de ação e de situações intimistas repletas de carga emocional. Tudo foi extremamente intenso e certamente muitos ficaram palpitantes e angustiados ao presenciar o desenrolar dos fatos. Eu mesmo que conhecia a história fiquei ansioso esperando o fim de Joel.
Aliás… agora Ellie é quem buscará vingança. O ciclo se perpetuará. Até quando e de que maneira?
O restante da temporada promete.