Título original: El secreto de sus ojos
Ano: 2009
Diretor: Juan José Campanella
Decidi esperar um tempo antes de tecer comentários a respeito deste trabalho do diretor Campanella. Tomei essa decisão pois o filme teve um impacto enorme em mim e achei que escrever logo após assistí-lo iria me fazer superestimar as qualidades dele. Depois de uma semana o sentimento permanece o mesmo. Lendo diversos reviews e lembrando das várias cenas memoráveis, o filme não para de crescer no meu conceito. Não sei se estou exagerando, mas creio que estamos diante de uma obra-prima.
Benjamin Esposito (Ricardo Darín) é um ex-investigador policial que decide escrever um livro. Ele compartilha essa vontade com Irene (Soledad Villamil), que parece não gostar muito da ideia. O livro vai funcionar como o relato de um caso em que ambos trabalharam há 25 anos. Uma jovem estuprada e assassinada. Segundo Esposito, toda a vida dele gira em torno daquele caso e dos acontecimentos que o envolveram. Através de flashbacks vamos descobrir os motivos.
É impressionante a fluidez com que Campanella conduz a história. Ele mantém o interesse do público em todos os momentos e das mais variadas formas. Fazia tempo que eu não via um filme com tantas qualidades: cenas de humor honesto, criadas a partir de situações verossímeis; uma cena de ação frenética e estimulante, quase que sem cortes, filmada dentro de um estádio de futebol, que me causou um misto de ansiedade e tensão; uma história de amor cativante, com detalhes enriquecedores, como aquele que inclui uma máquina de escrever com um defeito específico.
Tudo isso não funcionaria não fosse a quase sobrenatural química entre esses mais do que competentes atores. O Segredo dos Seus Olhos é um filme criativo, rico e que foge do óbvio. Por enquanto, é o melhor lançamento de 2010 que pude acompanhar no cinema. Sem dúvida, mereceu o Oscar de melhor filme estrangeiro. O Brasil tem produzido excelentes filmes, mas podemos aprender alguma coisa com nossos hermanos que estão logo ali.
Nota: 10

Eu também adorei esse filme. Todas essas qualidades citadas envolvem e o tornam merecedor do prêmio da Academia do ano passado, mesmo que o meu preferido ainda seja O Profeta (esse também virou um clássico contemporâneo do cinema francês, rsrrsr)
Está merecendo um post no meu blog também. Filmaço! De princípio eu fiquei meio apreensivo quando ganhou o oscar de filme estrangeiro, pois vi A Fita Branca, do Haneke, e amei. Mas foi merecidíssima sua premiação. Como não gostar de Roger Darín?
Ainda não tive a chance de ver o argentino! Saco!
Eu já coloquei entre os melhores filmes lançadas este ano. É espetacular, lindo, magnífico uma verdadeira obra-prima. Bem atuado com um roteiro fantástico e a ótima direção de Juan José Campanella.
É, É, parece o tipo de filme pelo qual é difícil não se interessar.
Só vi o trailer (que não é muito bom), mas diante de toda essa badalação, só posso dizer: vou ver.
O filme é fantástico, realmente, foge das fórmulas prontas e nos envolve em sua narrativa. Os detalhes dos planos também são maravilhosos. Merece todos os elogios.
abraços
Sim. É raro um filme que consiga adicionar originalidade na narritiva e este foi um belo exemplo de como fazer isso com qualidade.
Já leio seu blog a algum tempo e concordo com várias de suas opiniões. Aproveitei essa brecha (já que discordo dessa sua resenha) para comentar. Achei o filme patético, soa como um episódio cruel e vazio de Law & Order. Não me surpreende ter vencido o Oscar, é o filme que tem mais maquiagem do que beleza.
Claro, respeito sua opinião, como respeito a de todos. Eu também tenho um blog sobre cinema/música/literatura, quando puder dê uma olhada.
Abraços.
Comparar este filme com um episódio de Law e Order que é patético, no mínimo.
Porque? Não deixa de soar igualzinho. Um crime acontece e bam! personagens emocionalmente abalados e vingativos, e o que mais, uma trama pobre.
O filme é um vazio só, o que você compreende da história? Uma romance muito do clichê (com cenas bobas como a do trem (que me lembrou outro filme patético, Quem quer ser um milionário?)), escondendo uma trama bastante simples. E no fim? O que você leva disso? A prova de que o ser humano é cruel e vingativo?
Na boa, é o tipo de filme que vende pela emoção (num olhar geral, é como Preciosa e Um Sonho Possível, dois filmes horríves que te dão uma lição de vida, mas opa eu entrei na sala de cinema para ver CINEMA). E ai culpo o diretor, que some totalmente e deixa correr sem utilizar seu estilo, é como um documentário rocabulesco. Inclusive, é típico candidato que o Brasil inscreveria para concorrer ao Oscar: um drama esguio e posudo.
Todo mundo parece ter gostado MUITO desse filme. Eu espero poder assistí-lo em breve!
Estou também ansioso pra conferí-lo!
Não perca tempo!
Oie,
Assino embaixo em tudo o que você disse. Penso que o filme é complexo para roteirista e diretor por conta das nuances e, por causa disso, o maior mérito da fita e do deslumbrante Campanella que eu tanto amo é que ele conseguiu dar fluidez amarrando muito bem esse roteiro na qualidade cinematográfica. Sem dúvidas, um primor e orgulho para nós, da América Latina.
Bjs!
De fato. Sabia da qualidade do Campanella, mas aqui foi demais!